A Ecologia e os Valores Islâmicos (Parte I) - Chinese Muslims

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2020年5月15日星期五

A Ecologia e os Valores Islâmicos (Parte I)

O Islamismo é a última das três Religiões Monoteísta, a ser revelada. Antes vieram o Judaísmo e o Cristianismo. Por isso ela já foi revelada com todos os recursos que as duas últimas não foram contempladas. Isso, porque , Deus Louvado Seja, sempre preparou a humanidade para toda e qualquer mudança. Na linguagem moderna poderíamos afirmar que é a última revelação, portanto com um UP Grade necessário à compreensão e cumprimento dos planos de Deus para a humanidade. Tanto é assim que o Islam, foi revelado já contendo um código de proteção à mulher, à criança, aos idosos e à Natureza, ou seja, defesa da Ecologia como um todo. Vejam nesse artigo abaixo, que terá em breve sua segunda parte. Jumua Mubarka para todos. Esse será o tema da nossa Khutb hoje no Centro Islâmico de Corumbaíba Goiás. A paz esteja convosco.

A Ecologia e os Valores Islâmicos (Parte I)

Devemos mudar os nossos costumes e fazer um esforço por conservar, educar e construir instituições alternativas para mitigar e ajudar a fazer frente à crise do meio ambiente.
- Autor: Redacción - Fonte: Islamweb - – Tradução portuguesa de: M. Yiossuf Adamgy.

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma,crença ou sociedade.
Posso compreender a frase “não beber a água”, ou inclusivamente “não nadar, água contaminada”. Mas,“não tocar na água”?!... Algo sobre esse letreiro e a realidade que assinalava parecia, profunda e irrevogavelmente, equivocado. O facto de este ser o acampamento mais próximo da Disneylândia, de alguma maneira, fazia a situação ainda pior.

A lembrança daquele acampamento, depósito de lixo tóxico, ficou comigo durante anos. Aos poucos, percebi que o lugar não era apenas a imagem perfeita de um anti campo, mas também foi a imagem de um anti paraíso, um lugar onde a água está muito suja para usar, para se purificar antes da oração, e onde as plantas e outras criaturas são venenadas e morrem.

O Alcorão diz-nos que o Paraíso prometido para os crentes é um Jardim com rios que correm, é cheio de frutas e flores e coisas que crescem, oferecendo melhor do que o melhor néctar e vinho local e belezas e prazeres além de toda a imaginação. Embora nunca possa criar um Paraíso tão perfeito na Terra, arquitetos,planejadores de uso da terra e muçulmanos e, por vezes, os artistas, têm usado isso como um modelo nos seus esforços para preservar e celebrar a beleza natural da criação. Porque não? O Alcorão diz-nos que toda a natureza é um sinal de Deus, refletindo parte da Sua misericórdia e magnificência.

Na verdade, toda a natureza, do ponto de vista islâmico, está num estado de adoração contínua. Árvores e ervas, peixes e animais, todos estão a mover-se numa brisa suave e invisível que leva o seu culto ao seu Criador. Os seres humanos podem aprender com este processo e buscar harmonia com ele para se juntar à criação, em adoração ao Senhor do Universo. Ou, podem rebelar-se acreditando, teimosamente, que estão isolados e são auto-suficientes, e insistem em transgredir os limites que Deus estabeleceu para eles, até que chega a hora do pagamento inevitável.

Em contraste com a visão ocidental que vê a natureza como deserto, um caos que deve ser superado pela conquista, o Islão insiste que a natureza deve ser respeitada e convida os seres humanos a aprender com ela e juntar-se a ela na coexistência harmoniosa.

A experiência do campo contaminado despertou-me para o facto de que algo está muito errado com o modo de vida que produziu esse tipo de lugar, e que o Islão é a chave para entender as causas e soluções do nosso atual dilema ambiental. Isso convenceu-me de que nós, muçulmanos, devemos colocar a militância islâmica ambiental no topo da nossa agenda pessoal e social.

O nosso planeta está num estado de crise ambiental, e nós, uma vez que os muçulmanos são os guardiões da última revelação de Deus, uma revelação que dá à humanidade o conhecimento e a inspiração que precisam para viver em paz e harmonia, nesta vida e na outra.

A solução Alcorânica para o problema do meio ambiente é, numa palavra, holística e integral. Viver uma vida verdadeiramente islâmica implica evitar os males da extravagância e a loucura do materialismo, buscar a harmonia com o que nos rodeia e ter compaixão pelas demais criaturas.

Tudo isso começa, no entanto, com a orientação correta para a vida: a completa submissão a Deus (ár.Allah), o único Criador de tudo; e este fundamento deve ser marcado pelo temor e compaixão, gratidão amorosa, paz interior, esforço para fazer o bem, e consciência constante de que Deus é maior do que qualquer aspecto da Sua criação. A orientação do Alcorão fornece a chave para restaurar o equilíbrio perdido entre o ser huano, a natureza e quem os criou, ou seja Allah.

Os materialistas e ateus argumentam que nada é sagrado, o que significa que não há limites para o que os seres humanos podem fazer, a fim de satisfazer os seus desejos materiais. A cultura materialista, como o meu sábio professor de humanidades disse uma vez, tem duas características distintivas: um grande impulso para mais e mais controle sobre o mundo natural, e um impulso de energia semelhante a reconstruir e melhorara sociedade humana.

Os seres humanos como mordomos e guardiões da Terra

O Islão ensina que somos sucessores e administradores de Deus nesta terra bonita, não prisioneiros num mundo imperfeito que precisa ser reconstruído, radicalmente. Como sucessores, a nossa tarefa é preservar e apreciar a beleza e bondade encontrada na submissão grata ao seu Criador. Todos os cientistas do nosso planeta são necessários para uma tarefa mais óbvia e simples: cuidar do planeta que Deus nos deu e cuidar dos nossos companheiros seres humanos. Isto significa encontrar formas de viver, e viver bem, enquanto se gasta muito menos energia física e se produzem muito menos mudanças intrusivas no nosso meio ambiente, que são tão comuns hoje em dia. Isto significa encontrar maneiras de redistribuir a riqueza de forma mais equitativa no planeta, no ambiente decrescimento zero ou mesmo crescimento negativo, que seguramente experimentaremos no solo em poucos anos, quando a produção de petróleo começar a declinar. "Allah não ama os desperdiçadores"

Então, "não desperdiçar" também é um mandamento islâmico. O Alcorão e a Sunnah deixam absolutamente claro que perder e desperdiçar é um assunto muito sério. Por exemplo, Deus diz: ... e não desperdiçais, porque Allah não ama os desperdiçadores, Alcorão 6: 141 e diz: ... e comam e bebam com moderação, porque Deus não ama os desperdiçadores, Alcorão 7:31. Ajuda os parentes,também o pobre e o viajante insolvente, mas não desordenadamente, porque aqueles que excedem são iguais aos demônios que seguem Satanás; e de facto Satanás foi ingrato para com o seu Senhor, Alcorão 17: 26-27. 
Aqui vemos que a raiz dos esbanjamentos é a ingratidão: aqueles que respondem à beleza maravilhosa e graça de Deus com gratidão e admiração, estão felizes com pouco; enquanto o ingrato nunca está satisfeito, não importa o quanto tem, portanto, entrega-se a um ciclo interminável de consumo e desperdício. Se a humanidade quer sobreviver, deve mudar o seu estado espiritual de ingratidão por um de gratidão, e desistir do seu modo de vida perdulário conforme prescrito pelo Alcorão.

Cuidar da água e da comida Em conjunto com este ensino Alcorânico, a Sunnah fornece-nos os melhores exemplos de como viver uma vida num estado de gratidão e evitar o desperdício. O Profeta Muhammad sallallahu ‘alaihi wa sallam, era famoso pelo seu cuidado em preservar e evitar o
desperdício. Tinha o cuidado de não desperdiçar uma migalha de comida, lambendo inclusivamente os utensílios para que nada se desperdiçasse. Ele instruiu os crentes para não gastar mais água do que o necessário quando realizavam um ato de adoração como a ablução. Se temos de ter cuidado para não desperdiçar uma gota de água em nossas abluções, muito mais cuidado devemos ter no sentido de evitar o desperdício em atividades menos importantes.
Infelizmente, a forma predominante de vida entre pessoas ricas e acomodadas, em todos os lugares, especialmente no Ocidente, é marcada por um incrível desperdício e extravagância. Nós comemos mais do que precisamos, nós compramos coisas que, na realidade, não precisamos, e deitamos fora coisas que ainda funcionam ou podem ser reparadas, compramos veículos extravagantes para percorrer distâncias curtas, em vez de caminhar ou andar de bicicleta; construímos casas maiores do que precisamos; gastamos enormes quantidades de água para irrigar relvados e campos de golfe, etc. Nos Estados Unidos, estamos presenciando a implantação da extravagância talvez mais absurda de toda a história: a atual queima de combustíveis fósseis a um ritmo que nos assegura que a nossa economia, o nosso meio ambiente, ou ambos, entrarão em colapso num futuro próximo (veja peakoil.com, para mais detalhes). Este estilo de vida desequilibrado, cujos prazeres e confortos sedutores escondem a sua loucura e a sua completa falta de sustentabilidade, não foi desenvolvido pelos muçulmanos.
Para sermos fieis à nossa religião devemos mudar os nossos costumes e fazer um esforço para conservar, educar e criar instituições alternativas para mitigar e ajudar a lidar com a crise econômica e ambiental iminente, preservar e fortalecer as nossas comunidades e instituições islâmicas, e pensar em como podem ser úteis na luta para ajudar a humanidade a exercer um governo responsável, sobre o nosso recanto da criação.

Obrigado!

M. Yiossuf Adamgy - Director da Revista Al Furqán

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