Esclarecimento à 2ª. QUESTÃO colocada por Dr. Ismael Selemane, por e-mail de 13 de setembro de 2018: A ÁGUA NO ISLÃO: wudu’, banho, mayet antes do enterro e cuidados de higiene ao manusear o cadáver (fonte de transmissão de doenças como o Ébola e não só!).
Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.
2 - A — A ÁGUA NO ISLÃO Considerem a água da qual bebeis Sendo uma religião universal, originalmente nascida nos desertos áridos da Arábia para completar a mensagem dos Profetas anteriores, fazendo descer a revelação na sua última mensagem (o Alcorão), o Islão dota, com as qualidades mais sagradas, a água como dadora da vida e fonte de sustento e purificação. É a origem de toda a vida na terra, a substância da qual Deus (ár. Allah) criou o ser humano (Surat AlFurqan, 25:54). O Alcorão enfatiza a sua importância capital: "E criamos todos os seres vivos da água" (Surat Al-Anbiyaa, 21:30). A água é o elemento principal que existia mesmo antes dos céus e da terra: "E Ele (Deus) foi Quem criou os céus e a terra em seis dias — quando, antes, abaixo de Seu Trono só havia água — para provar quem de vós melhor comporta”. (Surat Hud, 11: 7) . A água de chuva, rios e nascentes que fluem através das páginas do Alcorão para simbolizar a benevolência de Deus: "Ele (Deus) Quem envia os ventos alvissareiros, mercê da Sua misericórdia; e enviamos do céu água pura… " (Surat Al-Furqán, 25:48). Ao mesmo tempo, os crentes são constantemente lembrados de que é Deus que fornece a água doce às pessoas, e que Ele também pode facilmente parar de o fazer: "Haveis reparado, acaso, na água que bebeis? Sois vós, ou somente somos Nós Quem faz descer das nuvens? Se quiséssemos, fá-la-íamos salobra. Por que é, pois, não agradeceis?". (Surat Al-Waqi`ah, 56: 68-70). Neste versículo, os crentes são avisados de que são apenas os guardiões da criação de Allah na terra; não devem distorcer a Sua Lei, nas vossas próprias mãos. Economizem a água: "A limpeza é metade da fé", disse o Mensageiro (s.a.w.) para os seus companheiros num dos seus Ahadith. Essas palavras bem conhecidas e muitas vezes repetidas revelam não apenas a importância central da pureza e limpeza, mas também o papel essencial que a água desempenha no Islão. A purificação através da ablução (wudu') é um componente obrigatório do ritual da oração islâmica (salat); as orações realizadas num estado impuro não são válidas. Isso significa que os muçulmanos são obrigados a realizar a ablução ritual antes de cada uma das cinco orações diárias. Por outro lado, um ritual mais exaustivo é necessário em ocasiões específicas (gusl).
O Mensageiro (s.a.w.) insistiu na moderação e economia no uso da água durante a ablução. Advertiu que cada passo de wudu' (ablução) não deveria ser feito mais de três vezes, antes de cada oração; Muhammad (s.a.w.) lavou cada parte apenas duas ou três vezes, nunca fazendo mais do que três vezes, mesmo que houvesse abundância de água. Os comentaristas acrescentaram: "Os homens da ciência desaprovam o exagero e também excedem o número de abluções do Profeta (s.a.w).".
O Islão também oferece uma solução para os tempos de escassez, usando as acções do Profeta (saw) como guia. Um dia, quando o Profeta Muhammad (saw) estava a viajar pelo deserto com os seus companheiros, a sua esposa A'ishah (r.a.) perdeu o seu colar. Eles passaram muito tempo procurando, e quando chegou a hora da oração, o grupo não estava perto de uma fonte de água. Foi então que Allah revelou o ritual de tayammum (ablução seca) ao Profeta: "Ó vós que credes ... se estiverem doentes ou viajando ... e não conseguirem encontrar água, recorrei à terra limpa e passai (as mãos com a terra) levemente nos vossos rostos e mãos." (Surat An-Nisaa, 4:43). A terra limpa pode, assim, ser usada como substituto da água em circunstâncias excepcionais. De fato, o Profeta (s.a.w.) reconheceu a natureza pura da terra quando disse: "A terra foi criada para mim como uma mesquita e como um meio de purificação".
A água e a Lei Islâmica O clima árido do deserto da Arábia, do Médio Oriente e do Saara do Norte da África torna a água um recurso valioso e precioso. A Lei Islâmica, a Shari'ah, entra em detalhes sobre o tema da água, para garantir a distribuição justa e equitativa da água na comunidade. A própria palavra Shari'ah está intimamente relacionada com a água. Está incluída nos antigos dicionários árabes e, originalmente, significava "o lugar de onde se desce à água".
Antes do advento do Islão na Arábia, a Shari`ah foi, na verdade, um conjunto de regras sobre o uso da água: shir`at al-maa' eram as autorizações que davam direito à água potável. O termo foi posteriormente desenvolvido tecnicamente para incluir o corpo de leis e regulamentos prescritos por Allah. A água é uma dádiva de Allah. É uma das três coisas que foram autorizadas para todos os seres humanos: erva (pasto para gado), água e fogo. A água deve ser livremente acessível a todos, e todo o muçulmano que mantém a água que não precisa está em pecado contra Deus. "Ninguém pode recusar o excesso de água sem pecar contra Deus e contra o ser humano".
Os Ahadith dizem que entre os três tipos de pessoas que Deus irá ignorar no Yaum al Qiam, está "a pessoa que, tendo abundância de água superior às suas necessidades, a nega a um viajante". Há dois preceitos fundamentais que orientam os direitos da água na Shari`ah: Shafa, o direito do sedento estabelece o direito universal dos seres humanos para saciar a sua sede e a dos seus animais; Shirb, o direito à irrigação, dá a todos o direito de regar as suas plantações.
Água nas imagens do Paraíso Islâmico (Jannah): As metáforas do Alcorão em que a água é usada para simbolizar Jannah, justiça e misericórdia de Deus, são muito comuns. Desde as inúmeras referências no Alcorão para os rios refrescantes, chuva fresca, e fontes de água de deliciosos sabores no Jannah, pode-se deduzir que a água é a essência dos jardins da Jannah.
A água flui sob e através deles, trazendo frescura e vegetação e saciando a sede. Os crentes serão recompensados pela sua piedade "sempre correndo rios de água impolúvel, rios de leite imutável no sabor, rios de vinho deleitante para os que o bebem, e rios de mel purificado…" (Surat Muhammad, 47:15). A água do Jannah nunca fica estagnada; flui, corre, ao contrário das águas corrosivas do Jahannam. O Alcorão também compara as águas do Paraíso (Jannah) com retidão moral: "Estarão no Jardim suspenso, onde não ouvirão futilidade alguma; nele haverá um manancial fluente" (Surat Al-Ghashiya, 88: 11-12).
A COMUNIDADE MUÇULMANA COMEMORA O DIA DE ASHURA O Mundo Islâmico comemora o décimo dia (Ashura) de Muharram do Calendário Islâmico (19-20 setembro 2018), um dia que tem uma tradição triunfante dos Profetas Monoteístas. Neste dia, o Profeta Noé (Noé), a paz esteja com ele, "o salvado de Deus" (Naji Allah), desceu da Arca (al-Fulk) que o preservou do Dilúvio, por graça do Altíssimo; o Profeta Abraão (Ibrahim), a paz esteja com ele, "amigo íntimo de Deus" (Khalil Allah), foi salvo do fogo por intercessão divina quando foi arrojado por Namrod (tirano da Mesopotâmia); o Profeta José (Yusuf) , a paz esteja com ele, "o formoso de Deus" (Jamil Allah), se reuniu no Egipto com o seu pai Jacob (Yaqub), a paz esteja com ele, "o triste de Allah" (Hazin Allah);o Profeta Jonas (Yunus), a paz esteja com ele "o nadador de Deus" (Sabih Allah), foi resgatado pelo Misericordioso do ventre de um peixe gigante, para que ele pudesse ir pregar o monoteísmo para a cidade de Nínive (Iraque); e o Profeta Moisés (Mussa), a paz esteja com ele, "o interlocutor de Deus" (Kalim Allah) , que foi protegido pelo Todo Poderoso, com todos os seus seguidores, do ataque do Faraó, que morreu afogado com as suas hostes. Por esta razão, o Profeta Muhammad (s.a.w.), "o amado de Deus" (Habibullah), " o confiável" (al-Amin), jejuava sempre no dia de Ashura. Abu Hurairah (r.a.) narrou que o Mensageiro de Deus (s.a.w.) disse: "O melhor jejum, depois dos do mês de Ramadão, é no mês de Muharram." Nós lemos no Alcorão Sagrado: "Cremos em Deus, no que nos foi revelado, e no que foi revelado a Abraão, Ismael, Isaac, Jacob e às tribos, no que Moisés, Jesus e os Profetas receberam do seu Senhor. Não fazemos distinção entre nenhum deles e nos submetemos a Ele." (Al-Baqara,"”La Vaca”, 2: 136).
O grande número de referências específicas sobre a topografia de Jannah no Alcorão, levou a muitas tentativas de mapear o Paraíso. Ao longo da história, os governantes muçulmanos desde a Espanha Islâmica até à Pérsia tentaram reproduzir a imagem do Paraíso na concepção dos seus jardins palacianos, criando composições elaboradas com base em água, piscinas e fontes. Os jardins da Alhambra de Granada, o Bagh-eTarikhi em Kashan (Irão), e os jardins do Palácio Imperial em Marraquexe (Marrocos) testemunham esse desejo de imitar o paraíso descrito no Alcorão aqui, na terra.
Todos são projetados em torno da água, e das fontes que têm sido sutilmente entretecidas na concepção dos belos parques, combinando a água com a bela paisagem natural, para preencher a alma humana com a fé, alegria e felicidade.
Fonte: M. Yiossuf Adamgy Director da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán
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